10.08.2012

Il bianco, il giallo, il nero (1974 / Realizador: Sergio Corbucci)

A chegada dos anos 70 revelou-se uma autêntica catástrofe para o western-spaghetti. Até mesmo Sergio Corbucci, realizador italiano de créditos comprovados numa mão cheia de westerns de grande culto (“Django”, “Navajo Joe”, “Il Mercenario”, etc), se espalhou ao comprido nesta que seria a sua última incursão pelo género. O filme faria um belo encaixe nas bilheteiras mas infelizmente trata-se de facto de uma triste despedida de um género cujas normas ele próprio ajudara a definir anos antes. 

Este “Il bianco, il giallo, il nero” que até consegue a proeza de reunir um elenco de luxo, com Giuliano Gemma, Eli Wallach e Tomas Milian, mas resume-se afinal a uma resposta de fraco efeito aos então famosíssimos filmes da dupla Terence Hill/Bud Spencer. No entanto Corbucci que já vinha a dar sinais de estagnação nos seus trabalhos anteriores – “La Banda J. & S. cronaca criminale del Far West” e “Che c'entriamo noi con la rivoluzione” – esbarra aqui num desafio que se lhe mostra impossível de transpor. Falhando a transição do seu western negro e graficamente violento, para as tendências cómicas que o público de então exigia. 


A acção polarizada em torno das três estrelas do cartaz, plagia de uma forma bastante explicita a mesma história de “Soleil rouge” de Terence Young, lançado poucos anos antes. Sendo aqui a espada de Mifune substituída por um pónei sagrado, oferenda nipónica à comunidade Japonesa emigrada nos Estados Unidos. O comboio onde o pónei é transportado é assaltado por uma tribo índia, que sequestra o equídeo para o qual exige um resgate (invulgar acção associada à raça índia que obviamente se prevê uma aldrabice). Ao “idóneo” Xerife Edward ‘Black Jack’ Gideon (o negro) é entregue a missão de entregar o ouro do resgate e recuperar o pónei, mas o pilantra ítalo-suíço Blanc de Blanc (o branco) tudo fará para surripiar o dinheiro. E Sakura (o amarelo), ora bem, Sakura limita-se a fazer figura de parvo na cerca de hora e meia que o filme comporta.  

A existência de um elenco tão forte faria salivar o fã do western europeu, mas o que parecia ser a grande mais-valia do filme é incapaz de beliscar a mediocridade geral da película  Reféns de papéis muito pouco interessantes e num argumento gasto e previsível, estes limitam-se a interpretações em piloto automático. Porém a Milian saiu mesmo a fava, desempenhando aqui um simplório aspirante a samurai, cheio de tiques aparvalhados. Um papel ainda mais irreal e constrangedor do que aquele que já desempenhara nos filmes da personagem «Providenza», de Petroni. 


Actualmente “Il bianco, il giallo, il nero” é sobretudo recordado pelo extenso monólogo inicial em que a esposa do Xerife protesta com o marido usando para o efeito uma série de referências a filmes e personagens que o género conhecera até então.   

(A esposa): “Per un pugno di dollari, per un miserabile pugno di dollari, che non sono neanche tuoi, devi già ripartire? Almeno lo facessi per qualche dollaro in più!, e invece, vamos a matar compañeros, sempre in giro con il buono, il brutto e il cattivo tempo  Giù la testa, caro… Sei alla resa dei conti, ormai. Chi sono io, per te? Nessuno, ecco, il mio nome è nessuno. Tu devi metterti faccia a faccia con le tue responsabilità. Per queste creature ti danno un dollaro a testa, sei il mercenario peggio pagato di tutto il Texas, cangaceiro!, e noi siamo il mucchio selvaggio… Ma tu non vali nemmeno un dollaro bucato, e prima o poi finirai come quel bounty killer del Minnesota, Clay era il suo nome, ma poi lo chiamarono il magnifico… però ricordatelo, c’era una volta il west che dicevi tu: oggi, anche gli angeli mangiano fagioli, ma sì, corri uomo, corri! Altrimenti, ci arrabbiamo sul serio, e se Dio perdona, io no, perciò datti da fare, capito?  E tu smettila di fare il bestione! Vergognati, vergognati di fare vivere i tuoi bambini come dei barboni. Leone, questo devi diventare, se vuoi fare la rivoluzione nel mondo del west".  
(O Xerife:): "Ma che c’entriamo noi con la rivoluzione?”  
(A esposa:) Avete sentito? Tanto di Ringo o di Django, sono sempre io che me lo piango ...   

Saibam os curiosos que “Dispara primeiro… pergunta depois” – mais um delirante título Português – foi lançado em Portugal pela Prisvideo, na sua “Colecção Western”, que ainda se encontra nas lojas a preço de amigo. O filme é apresentado no seu idioma original italiano (com legendas em Português) e surge em formato widescreen 16:9 com qualidade de imagem cristalina.  

Mais alguns lobbys:



Trailer:

22 comentários:

  1. É de facto uma pena, porque um filme com Gemma, Wallach, Milian e Corbucci tinha obrigação de ser extraordinário! Em vez disso temos um western demasiado patético e sem grande interesse...

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  2. Una clara muestra de la decadencia del spaghetti, en la que se desperdició, como señala Emanuel Neto, el potencial que suponía el reputado personal que intervino en ella.

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  3. Alguns momentos conseguem ser engraçados mas aquele japonês é muito mal sacado, coitado do Milian. É uma decepção.

    --
    Pedro Pereira

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  4. Opino lo mismo. Destacable el monólogo del principio, que en realidad tampoco es para tanto, y sobre todo, el reparto, en especial el trío protagonista. Qué tres. Es una lástima.

    Es el western, que tampoco sé si se le podría calificar así, por su peculiaridad, que menos me gusta de Giuliano. Espero que me perdone...

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    1. Também acho que seja um dos seus papeis mais fracos no western. Acho que o filme dele que menos gostei foi "Il grande attacco".

      --
      Pedro Pereira

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    2. Ah, sí. "Il grande attacco" también es flojita. Más que la de "El blanco, el amarillo y el negro", pienso.

      Me he guardado todas las fotos. ¡Son fantásticas!

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    3. Si es peor. Otro caso en que un gran elenco puede resultar en una completa decepción.

      Felizmente aun existen algunos locales en la web donde se pueden coger este tipo de lobbys. Hay que guárdalas y república-las para que non desaparezcan para siempre.

      --
      Pedro Pereira

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    4. Es increíble, pero los alemanes tienen muy buen material spaghetti. También en revistas de la época, aunque éstas son más difíciles de conseguir...

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  5. Atores e realizadores de primeira água, um realizador que não necessita de apresentações mas desinspirado, alguns momentos divertidos e um dos maiores exemplos da decadência do género. No entanto, Gemma ainda nos daria dois excelentes westerns crepusculares: “Chamavam-lhe Califórnia” e “A Sela de Prata”

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    1. Felizmente! Esses dois são bastante bons!

      --
      Pedro Pereira

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    2. A mí también me gustan. "California" un poquito más, pero éstas sí están bien y son un buen cierre. Aunque yo no quiero que acabe el género, quiero que Giuliano ruede más...¡y en Almería!

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    3. Quien sabe? Seria um sonho, que caso me saísse o Euromilhões, gostaria de realizar. E porque Gemma não chegou a fazer westerns com Sergio Sollima acho que nesse quadro colocaria o seu filho Stefano na cadeira de realizador. Ele já demonstrou ter algum talento com a sua série "Romanzo criminale", seria giro que experimentasse também o western...

      --
      Pedro Pereira

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    4. A Giuliano le encantaría volver a Almería, estoy segura.

      No he visto la serie "Romanzo criminale", pero la conozco. Ha tenido mucho éxito en Italia.

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    5. En Portugal ya se estreno la segunda temporada. Es muy buena.

      --
      Pedro Pereira

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    6. ¿La emiten en Portugal? ¡Qué suerte! Me la apunto para conseguirla. Gracias.

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  6. Então fica combinado: Se me sair o euromilhões esta semana faremos um outro festival em Almería e juntamos todos os grandes craques no mesmo sítio: Franco Nero, Giuliano Gemma, Gianni Garko, Tomas Milian, Terence Hill, Bud Spencer, Clint Eastwood, Eli Wallach...

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  7. Me habéis convencido. Esta semana echo los Euromillones también, y si tocan, traemos a todos los míticos a Almería y hacemos un festivalón. Nosotros, todos los camaradas, de jurado o de organizadores, claro :)

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    1. Claro que não!

      --
      Pedro Pereira

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