12.01.2015

Perché uccidi ancora? (1965 / Realizador: Jose Antonio de la Loma, Edoardo Mulargia (não creditado)

Em 1965 ainda o “Por um punhado de dólares” de Sergio Leone fazia o seu percurso na elevação a estatuto de obra definidora do western europeu, mas o filão não tardaria a ganhar caudal e este “Perché uccidi ancora” é um bom exemplo daquilo que se avizinharia por esses anos. A produção, sustentada por capital italiano e espanhol, é rodada quase na totalidade em Espanha, onde estão os melhores cenários, já os actores vem quase todos do país da bota, mais avançados nestas andanças do cinema. E Anthony Steffen, que já tinha mostrado os dentes noutro western (Der Letzte Mohikaner), consegue aqui o seu primeiro papel principal, que lhe valeria fama suficiente para ser contratado para uma média de três westerns por ano nos tempos seguintes, escapulindo-se ainda esporadicamente para outros campos do exploitation europeu.

A falta de expressividade de Anthony Steffen não parece ter feito mossa na época.

Sobre este filme existe curiosamente alguma polémica sobre quem o realizou afinal, a documentação espanhola evidencia o nome de Jose Antonio de la Loma, mas artigos da época e testemunhos de actores como Aldo Berti, sustentam a versão de que o filme é de Edoardo Mulargia, o que faria deste “Perché uccidi ancora” a sua estreia nos domínios do western. É sabido que naqueles tempos estas confusões não foram casos isolados, e na dúvida opto por acreditar nas fontes italianas, até porque o estilo de Mulargia parece bem patente. Enredo simples, acção constante e preocupação com a fotografia. Também porque quer Steffen, quer Berti haveriam de ser comparsas habituais nos filmes seguintes do italiano.

José Calvo unta as mãos de Aldo Berti e companhia. 

O filme é particularmente violento para o ano e que foi lançado, período em que já se faziam alguns westerns mas em que a maioria pendia para os pressupostos do western clássico americano. Começa logo com a morte de McDougall, linchado selvaticamente pelos homens de Lopez (Pepe Calvo), que obriga os seus capangas a disparar sobre o desgraçado, uma bala por cada um. A razão da rixa não se esclarece para além do mote «sangue chama sangue», uma chavão que seria utilizado vezes sem conta nos anos seguintes.


Oh, pá! Aqui há gato!

Steven McDougall (Anthony Steffen), ao tomar conhecimento do sucedido, deserta do exército e regressa ao povoado com a missão única de limpar o sebo aos patifes que participaram no assassinato. Todos sabemos que a avalanche de histórias de vingança suceder-se-iam nos anos seguintes mas pelo carácter madrugador desta produção, recomenda-se a viagem!

5 comentários:

  1. Dir-se-ia que este foi o início de dezenas de cadáveres e de milhares de balázios que Anthony Steffen protagonizou. Ele é provavelmente o pistoleiro que mais tiros dá sem ter de recarregar a arma!

    ResponderEliminar
  2. Anthony Steffen, à semelhança de outros atores daquela época (Giuliano Gemma, Richard Harrison, Steve Reeves), antes de se armar em pistoleiro fez vários filmes mitológicos / épicos. O mais conhecido será talvez "Sodoma e Gomorra", realizado por Robert Aldrich em 1962, e Steffen ainda era conhecido por António de Teffé.

    ResponderEliminar
  3. Bom filme do início do género. O título em português deste filme, "Não Matar", bem que tentou avisar Anthony Steffen para não matar, mas os pistoleiros interpretados por Steffen mandaram esta aviso às malvas como por exemplo em "Apocalipse Joe" em que este personagem, com aspirações a actor "Shakesperiano", mata que se farta como um verdadeiro Rambo do oeste. Carregar pistolas é muito chato..

    ResponderEliminar
  4. De facto, todos estes pistoleiros infalíveis dos westerns-spaghetti foram os precursores de outros heróis do cinema de ação dos anos 80 encarnados por Stallone, Schwarzenegger, Willis, Norris, Van Damme e afins...

    ResponderEliminar