2.24.2015

Tierra de fuego (1965 / Realizador: Jaime Jesús Balcázar, Mark Stevens)

Quatro arruaceiros rumam em direcção à mui pacata cidade de Fraserville. Depois de instalados rapidamente iniciam todo o tipo de desacato por forma a atazanar a paciência do xerife local, que imagine-se, está tão confiante na pasmaceira das pessoas da cidade que nem usa coldre no seu dia-a-dia. Com o tempo entenderemos que a passagem do bando pelo local não é de forma alguma um acaso, e afinal o xerife Jessy tem um passado menos digno. Mas mais não posso contar sob pena de arruinar o já fraco suspense que o filme tem. "Tierra de fuego" é o segundo euro-western assinado por Jaime Jesus Balcázar (o mais novo do clã Balcázar), mas o próprio garantiria anos mais tarde que não fez mais do que ceder o seu nome, tendo essas funções sido na verdade assumidas pelo americano Mark Stevens, que também interpreta o papel do xerife Jessy. Mais bizarro então é o facto de em Itália o crédito do filme ter sido erroneamente atribuído a outro Balcázar, Alfonso. 

As filmagens para não variar foram quase todas rodadas nos interiores dos estúdios Esplugas City, nos arredores de Barcelona, ou não fosse a produção assumida pela infame produtora da família, a Producciones Cinematográficas Balcázar, aqui em parceria com a alemã Creole Filmproduktion. Mas a participação dos «comedores de salsichas» é manifestamente diminuta quando comparada com o input castelhano que preenche a maioria do cast e equipa técnica. Aos alemães coube a entrada de graveto e a inclusão de dois actores nacionais no topo do cartaz.

A vilanagem a caminho da pacata cidade de Frasersville.

O sempre relevante Mario Adorf no papel de Abel, o líder do bando de rufias e Marianne Koch, a admiradora secreta do nosso xerife, mais um papel em piloto automático para a actriz alemã que provavelmente só foi incluída no cardápio por ser por aqueles dias um nome bastante reconhecido do público (via megasucesso "Per un pugno di dollari").

Mario Adorf (esquerda) põe os pontos nos ís. Mark Stevens (direita) acobarda-se e perde o apoio da cidade

A acção, em muito influenciada pelo clássico "High Noon", é lenta e órfã de cenas de pancadaria ou tiroteio. E quiçás por isso mesmo mais adequada ao adepto do western clássico americano do que propriamente ao adepto do frenesim garantido nas co-producões mediterrâneas. Incrivelmente em Itália tentaram camuflar isso mesmo, atribuindo-lhe um titulo mais áspero - "Jessy non perdona... uccide" - ridículo para um filme com tão pouco balázio. Enfim, o filme é curto (a versão que assisti é a espanhola que não tem mais de 80 minutos) e também por isso não achei que chegasse a ser terrivelmente aborrecido.  Arrisquem e julguem vocês mesmos!


4 comentários:

  1. Dá para perceber claramente que este filme é um de muitos que ainda tenta imitar o modelo clássico americano. A família Balcazar teve a sua preponderância nesses anos mas nunca alcançaram o estatuto que pretendiam. Talvez os maiores sucessos de bilheteira produzidos por Alfonso Balcazar sejam os 2 "Ringos" de Duccio Tessari e com Giuliano Gemma (que curiosamente também foram rodados nos célebres estúdios "Esplugas City" perto de Barcelona.

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  2. Este não é desse calibre, não senhor. Mas não se vê mal. É americanizado como era hábito nas produções do clã catalão, com um um pico de acção no final e muito paleio durante o resto do tempo. A Balcázar se calhar pode-se comparar com uma Cannon, pela mão deles saíram mais de um cento de filmes, com uma boa porção de westerns pelo caminho, muitos deles ruins como o caraças. Estava agora a ver uma listagem disso mesmo e mesmo assim encontro alguns filmes que gostei bastante: Professionisti per un massacro, Yankee, Due volte Giuda, etc. Em Março há mais uma produção deles por cá, Sartana non perdona (aka Sonora).

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  3. Posto dessa maneira dir-se-ia que a famelga Balcazar era o Menahem Golan e o Yoram Globus da Espanha!! :)

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  4. Não estou muito informado sobre isto mas parece que existe uma ligação entre a distribuidora Filmax e os Balcázar. Li algo mas entretanto evaporou-se-me.

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