12.16.2014

Uno, dos, tres... dispara otra vez (1973 / Realizador: Tulio Demicheli)

Shoshena e Bobo unem esforços para assaltar o banco de Cogan, um tipo avarento que mantém os rancheiros da região com a corda na garganta. Entre os rancheiros não há quem não lhe queira limpar o sebo e a entrada em cena dos dois pilantras só vai ajudar a complicar um pouco mais a situação local. Apesar de uma entrada em que os cadáveres caem que nem tordos, literalmente falando, o filme rapidamente toma uma direcção mais leve e descontraída. Não é de estranhar, afinal de contas lembremos-nos que estamos em 73 e os filmes da saga Trinitá são agora lideres de vendas nos cinemas europeus. Razão que veio mudar definitivamente a cara do western-spaghetti, que rapidamente transitou da ultra-violência para a comédia aparvalhada.



A vida continua, e até o mais carrancudo dos actores do género se teve de adaptar ás novas solicitações do mercado. Ora como é sabido, o ítalo-brasileiro Anthony Steffen não primou nunca pela sua grande expressividade, muito menos pela sua veia humorística. Talvez por isso tenham cabido essas tarefas ao aragonês Roberto Camardiel, muito mais capacitado para essas andanças. Curiosamente os dois até já haviam trabalhado juntos na sequela de "Arizona Colt""Arizona si scatenò... e li fece fuori tutti", onde fizeram uma dupla não muito diferente desta aqui, mas aí com resultados bastante mais satisfatórios.


São dias difíceis para o western-spaghetti, O cuidado com os detalhes é cada vez menor e aparentemente a coerência é algo que já pouco ou nada interessa aos produtores/realizadores da época. Ora a mim, este tipo de filmes deixam-me quase sempre com o estômago meio revoltado e os neurónios baralham-se-me com as transições não anunciadas entre as piadas secas e a saraivada de balas. Mas enfim, amo o western-spaghetti do inicio ao fim e há que vê-los a todos, mesmo sabendo que de quando a quando temos de levar com uma nulidade destas. 


O argentino Tulio Demicheli, autor de quatro westerns-spaghetti despedia-se aqui do género, e o próprio Steffen já só apareceria em mais uma entrada no género, "Il mio nome è Scopone e faccio sempre cappotto, o nível não varia muito mas sobre esse falamos outro dia!

4 comentários:

  1. Devo dizer que esta fase dos westerns italianos já estava a meter ranço! E é verdadeiramente estranho ver o taciturno Steffen a querer ter piada. Enfim, os "Trinitás" de Hill e Spencer ainda escapam mas o que veio a seguir (Tresettes, Aleluias, Cebolas Colt e afins) é mesmo muito mau!
    Apenas uma última nota: olhando para as imagens deste post diria que Anthony Steffen usa sempre o mesmo chapéu que usou em inúmeros filmes. Das duas uma: ou tinha amor ao chapéu ou então não havia outros números que lhe servissem na cabeça!

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  2. Lembrei-me de outro registo de Anthony Steffen nos westerns cómicos: trata-se de "Un Treno Per Durango" com Enrico Maria Salerno e Mark Damon. Escusado será dizer que também não gostei...

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    1. Por acaso gostei desse filme. Mas de certeza que teria gostado mais se para o papel de Steffen tivessem escolhido o George Hilton ou o Tomas Milian.

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