9.02.2014

La Belva (1970 / Realizador: Mario Costa)

Por esta altura da sua vida profissional Klaus Kinski estava no auge. Era um ator com grande reputação e com um estatuto que muitos ambicionavam ter. Tinha a fama (e o proveito) de ser um tipo conflituoso, de mau génio, de acessos de fúria. A sua personalidade narcisista fazia aumentar o seu número de inimigos no mundo do cinema mas o que é certo é que nunca lhe faltou propostas de trabalho. Segundo a sua autobiografia Klaus Kinski levava uma vida de luxo e precisava de estar sempre a trabalhar porque as mansões, os carros topo de gama, as viagens exóticas e as extravagâncias de outra ordem (entenda-se putas e vinho verde) não eram possíveis se não houvesse muito dinheiro. Deste modo, Kinski aceitava praticamente tudo o que lhe ofereciam a nível profissional. 


Conta no seu currículo registos sob a batuta de lendas como David Lean, Sergio Leone e Sergio Corbucci mas também trabalhou com nomes mais humildes como Giuseppe Vari, Demofilo Fidani, Enzo Gicca Palli ou Mario Costa. Com este, Kinski protagoniza um western fraco, de baixa qualidade, desinteressante mas o personagem que encarna assenta-lhe que nem uma luva. Ele é Johnny Laster, um tarado sexual maluco dos cornos que fica alucinado sempre que vê uma mulher. Mas quando tenta alguma coisa com elas as mulheres afastam-no porque o gajo é mais bruto do que uma carrada de porcos! Sexo e dinheiro são drogas viciantes e quando surge uma oportunidade de ganhar uma bela soma através de um esquema de burla, rapto, vigarice e traição Johnny não diz que não, desde que isso implique ficar mais rico e poder papar as mulheres que quiser.


Para a história ficam as inúmeras discussões entre Klaus Kinski e Mario Costa. Um achava-se o centro do universo e o outro não conseguia controlá-lo. As zangas subiam de tom até que Mario Costa disse algo como “eu vou fazer com que sejas expulso de Itália! E vou fazer de tudo para que nunca mais faças nenhum filme!”. E Kinski, na sua habitual delicadeza semelhante às patas de um urso, ripostou: “Só eu e Deus é que sabemos se faço mais filmes e não um verme como tu! Mas muito antes disso tu já estarás estendido no caixão!”. Não se lhe conhece qualidades de profeta mas Klaus Kinski acertou. Ao fim de alguns meses o realizador Mario Costa morreu e Kinski continuou a somar filmes no seu currículo. A sua longa batalha profissional e pessoal terminou no dia 23 de novembro de 1991. Um ataque cardíaco fulminante colocou o ponto final. Tinha 65 anos.


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3 comentários:

  1. Quero corrigir algo que consta nesta resenha: na realidade Mario Costa não morreu em 1971 mas sim em 1995. O erro deve-se ao facto que na sua autobiografia Klaus Kinski afirma que Costa tinha morrido pouco depois deste filme mas não é verdade.
    O realizador retirou-se do cinema em 1971 e "La Belva" foi o seu último filme. Acredito que aturar Klaus Kinski deve ter sido demasiado para ele e pediu a reforma antecipada!

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    1. Muito bom. Eu por acaso vi o filme não há muito tempo e achei-o no limiar do sofrível.

      Encontrei um link para descarregar o filme, aqui fica:

      http://www.ulozto.net/xiz3CY6z/la-belva-it-eng-avi

      Boa sorte...

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  2. Estou de acordo. O filme é de má qualidade. Eu acho que o Klaus Kinski aceitou este projeto porque, além do dinheiro, teve oportunidade de apalpar várias mulheres em algumas cenas!

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